sábado, 28 de dezembro de 2019

Evoluir e amadurecer


O processo de evoluir não é o mesmo que amadurecer.  Evolução e amadurecimento são coisas distintas. Evolução é o processo contínuo de mudança de características ou pensamentos. O amadurecimento, por sua vez, é o aprendizado de como saber lidar com a própria evolução ou com a evolução alheia. Pode se dizer que alguém evoluiu, porém não amadureceu. O contrário também pode ser verdade. Pode- se amadurecer e escolher não evoluir.
Amadurecer é sempre um bom processo. Já a evolução, temos exemplos que nem sempre faz bem para a humanidade. Que se goste ou não o mundo continuará com sua evolução contínua. Fato constatado.  Nos cabe o ato de amadurecermos para decifrar se a evolução, coisa de que ninguém poderá se abster, está sendo um fator construtivo ou destrutivo. Então deixar de lado o boato de que as coisas boas são as antigas e aprender a conviver em paz com a constante mudança do processo evolutivo humano é amadurecer. Isso não significa ser uma metamorfose ambulante, ou que se  venda barato seus conceitos. Mas significa ter uma base de onde se possa observar as evoluções do mundo para poder exercer o direito de escolher se aceita ou não.


É fácil observar pessoas que, eu seus devaneios sociais, pensam ter evoluído. Por ter alcançado algo ou uma conquista as fazem pensar que mudaram de patamar,mas são pensamentos assim que empurram qualquer pessoa para o retrocesso. Até porque evolução significa mudança e não melhora.Qualquer série de movimentos desenvolvidos contínua e regularmente que completa um ciclo harmonioso pode se chamar de evolução segundo o Google. Sendo assim os descaminhos sociais do pensamento coletivo faz bem o seu papel na contínua evolução. Lembrando que evoluir não é o mesmo que amadurecer, se faz necessário deixar de lado as pressões sociais com suas formas coletivas e seguir pelo caminho da maturidade pessoal. Não que não se vá evoluir, porém a maturidade é capaz de iluminar o pensamento. De fazer pensar por si mesmo. De desfazer as amarras das escolhas impostas e criar suas próprias escolhas.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

O começo de todas as guerras


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        A palavra paz é um sonho de consumo de todos homens, povos e nações. Se busca todas as formas de paz possível e o resultado nunca é satisfatório. Se faz guerras em nome da paz. Parece ser algo ilusório: quando pensa ter em mãos se desfaz em um instante. Então novamente se continua a caminhada em busca do tão sonhado momento de paz. Dos tempos mais remotos até a pós-modernidade a saga humana em prol da paz é contínua. Em termos genéricos a paz é ausência de conflitos seja ele externo ou mesmo interno. Porém alguns conflitos externos é o resultado de um conflito interno. A maneira em que um indivíduo percebe o mundo em sua volta procede de um parecer interno contrastado com a visão capitada no seu exterior. Ao captar os eventos exteriores uma mente recorre a todas as suas experiências para tentar decifrar o mundo conforme suas próprias concepções. Se está seguro de si pouca coisa o perturba, porém se há crises existenciais poucas coisas o deixarão em paz.  



       Como no exemplo de Caim em Gênesis capítulo quatro todo problema gerado exteriormente na visão de Cain, estava alojado em seu interior. Sua cosmovisão do mundo foi formada pela concepção que ele tinha de si mesmo. Primeiro, maquinou um assassinato por se sentir menosprezado em comparação ao outro, caso não existisse um modo de comparar certamente não haveria assassinato. Segundo ele julgou o mundo de acordo com a sua visão interna: visão de um assassino. Para ele todos eram assassinos em potencial. A resposta para o conflito interno de Cain está no versículo sete do capítulo quatro de Gênesis: Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.  Era dever de Cain dominar o desejo de pecar, mas o que segue na narrativa é a culminação, o ato mais elevado em que uma pessoa pode cometer contra o seu semelhante que é o assassinato. Não tem mais jeito. Não há como voltar atrás e pedir perdão. Só lhe resta a culpa e mais conflitos interiores.






     A paz para Caim se esvaiu quando ele foi surpreendido pelo Senhor por sua oferta ser rejeitada. Imaginou um mundo sem comparações em vez de aceitar que cada indivíduo precisa aprender com sigo mesmo e aceitar as diferenças dos outros. Ao levar Abel para dentro de seus conflitos internos, viu uma única saída: eliminá-lo. Assim começam as guerras. Quando a única saída que se vê não é a melhora como pessoa e sim a eliminação de pessoas que são mais bem sucedidas ou que estão causando algum desconforto. Ele imaginou que se Abel não existisse Deus não compararia sua oferta com a dele. Só que Deus não cai o padrão só porque não há comparações. Deus queria estabelecer o Seu padrão em Caim, sem medir pelo padrão de Abel. Deus não menciona Abel em nenhum momento como padrão, apenas diz que se ele procedesse bem seria aceito. Cain seria aceito e consequentemente sua oferta também. 

Resultado de imagem para raiz de amargura       Em Hebreus capítulo 12, do versículo de 14 em diante lemos: Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem. Aqui o cerne do texto é a paz com todos, a santificação e a firmeza na fé. De forma imperativa o autor instrui que se deve caminhar em paz com todos, o que perturbou a paz de Cain foi o pecado que ele não dominou. Se não se domina o pecado ele domina, e essa é a primeira tarefa do pecado: perturbar a paz interior. Não havia motivos para assassinato a não ser o que estava dentro dele, no seu mundo interior. São palavras contrárias as escrituras que perturbam a paz com Deus. Que privam da Graça de Deus. Porém o que mantém a comunhão dos santos é a santificação sem a qual não se ver a Deus. A santificação nos une a Deus para Ele nos unir ao corpo, tudo através de Jesus e conduzido pelo Espírito Santo. Quando o homem perde a comunhão com Deus por falta de santificação ele se torna adorador de si mesmo, depois não sendo o suficiente procura algo mais para preencher o vazio. Vai atrás de outros deuses desprezando o trabalho de Cristo para restaurar a comunhão. Isso é a raiz que irá produzir o fruto amargo. Tal comunhão com Deus faltou a Cain. Tal comunhão com Deus falta na Igreja. Tal comunhão com Deus falta no mundo.

O começo de todas as guerras está na concepção do pecado que afeta o coração. Seguir em paz com todos somente é possível quando a paz interior é uma verdade. Toda captação externa de uma mente em paz irá produzir meios para contornar ou mediar conflitos existentes em outras pessoas. Como está escrito: Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor. Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus (Filipenses 4:5-7). Aqui está o fim de todas as guerras. A paz de Deus que independe das circunstâncias, situações e entendimentos. Ela é capaz de colocar em guarda o coração e mente se for entregue toda inquietude a Ele. Onde começam as guerras também é onde se põe fim nelas. Em um coração santificado a Deus, o mundo pode ruir que a paz de Cristo estará lá para guardar.

      É praticamente impossível imaginar um mundo sem guerras, seria uma utopia, até porque a bíblia frisa haver guerras e mais guerras ao aproximar o fim dos tempos. Mas se pode ter um mundo de paz em meio a todos os conflitos. E se alguém for honestos o suficiente para aceitar que a maioria de suas guerras começam no próprio ser, menos conflito se terá. Cada movimento que um indivíduo faz em prol da paz simplesmente assinala a sua paz interior. É possível ter paz em meio à guerra dos outros. É possível viver em paz com todos, até com os que não querem paz. Lembre-se: "se está seguro de si pouca coisa o perturba, porém se há crises existenciais poucas coisas o deixarão em paz".

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

COMO APRENDER COM A CRISE








Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. Jr 29.11





COMO APRENDER COM A CRISE

       As notícias que mais ouvimos e vemos nos últimos tempos, diz respeito a “Crise” ela parece estar instalada em todos os setores de nossas vidas, seja financeira, espiritual, familiar e social. Em tempos assim vale a pena começar um novo ano refletindo o que a Palavra de Deus nos ensina, que somente Ele sabe de verdade tudo o que acontece e o que será da nossa vida no futuro.

       Toda “crise” é um tempo de oportunidades, as grandes lições da vida são aprendidas no vale e não nos montes, é muito difícil pararmos para aprender ou tirar lições quando vencemos ou quando tudo vai bem, no entanto quando vem as crises... Achamos tempo para perceber nossos erros e mudarmos. A “crise” revela quem somos de verdade, tira as nossas máscaras, o deserto não é lugar para atores. Os hipócritas não sobrevivem em meio as crises. Dar testemunho da fidelidade de Deus quando caem as “chuvas de bênçãos” generosas do céu não é difícil. Somos chamados por Deus a obedecer a Ele em tempos difíceis, por isso quero incentivá-lo a começar um novo ano, com propósitos e sonhos novos no seu coração, mesmo que tudo ao seu redor diga que não é possível, existe um Deus que renova o Seu amor conosco a cada manhã e está sempre disposto a fazer nova todas as coisas, portanto se levante e declare profeticamente: “Esse será o melhor ano de minha vida” não porque tudo vai dar certo, mas porque estou disposto a fazer dele o melhor ano, ser mais grato a Deus por tudo que tenho recebido e me colocar à disposição d’Ele e da Sua obra para servir com alegria.

       Faça diferente, abençoe mais, sirva mais, semeie mais e quando chegarmos ao fim de 2017 certamente teremos boas lições aprendidas, pois afinal Ele quer nos dar o fim que desejamos.

       Deus os abençoe muitíssimo... Feliz 2018...

Pr. Oswaldo Arêas (Pastor do Projeto Vida Nova de Duque de Caxias )

sexta-feira, 16 de junho de 2017

AUTO ESVAZIAMENTO


Certamente a mensagem da cruz não tem sido bem interpretada ultimamente. Parece que a crucificação diária do eu não é algo prioritário. Pense bem! Na carta aos filipenses o autor fala sobre o auto esvaziamento de Jesus que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.
Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. (Filipenses 2:6,7).
Qual é a dificuldade de se entender que o exemplo primas de Jesus deve ser seguido à risca? Quais as nuvens de obscuridade que permeiam essa nova forma ideológica do viver cristão? Com certeza a resposta está no novíssimo evangelho que surgiu a partir da invenção da teologia contemporânea. O evangelho que é outro. O evangelho da autossatisfação. Isso mesmo! O evangelho que busca satisfazer as necessidades da alma ou a autoafirmação no meio social em que o indivíduo está inserido. Não é por menos que o considerar os outros superiores está cada vez mais em baixa dentro das igrejas. E o "meu momento" é cada vez mais desejado pelos frequentadores de cultos sacros protestantes. De tanto se ouvir sobre autoajuda, o que mais se deseja é estar por cima e não por baixo.
Fazer do chamado então de "ministério", uma plataforma de status é comum e, por mais que pareça loucura, é louvável. É algo admirável. Isso dá a entender que a maioria não entende o que é nascer de novo. Ter uma nova vida com Cristo e em Cristo.
A Bíblia no capítulo dois da carta aos Filipenses, chama de vanglória o esforço frenético exercido por alguns para fazer com que sejam vistos e apreciados por outros irmãos. Como se o culto prestado a Deus fosse apenas um pretexto para exibir dons e talentos. Porém no versículo três do mesmo capítulo mostra que deixar de ser para que outro seja, é algo superior, é mais elevado. É participar do mesmo sentimento que teve Cristo Jesus.
Nota-se que Jesus não deixou de ser Deus, mas para que a obra redentora fosse completa, teve de abrir mão de usar alguns atributos que nunca deixou de possuir para nos servir. Assim sendo, foi totalmente humano mesmo tendo o poder da deidade a seu dispor, mas preferiu não usufruir. Essa atitude é concernente de pessoas bem resolvidas com sigo mesmo, pessoas sadias de alma que, mesmo sabendo que são capazes, não se importam em não ser para que outros sejam.
Somente através da crucificação diária é que se pode chegar a um estado de auto esvaziamento e descobrir o imenso regozijo que reside em prestar honra ao próximo. A satisfação vem quando se depreende que ser não é mostrar o que se sabe. Ser é ser, e independe se outros apreciam ou não.
Jesus quando se fez semelhante aos homens, elevou o ser humano a condição de voltar a ser semelhante a Deus quanto a seu caráter mediante a aceitação de sua obra redentora. Uma vez criado, o homem foi feito a imagem e semelhança de Deus. Jesus encarnado, tornou-se semelhante aos homens. É esta semelhança que aponta o caminho de volta para o Pai e o encontro do homem com sigo mesmo. Jesus se tornou homem para mostrar o que é ser homem pois, com a quebra da unidade com Deus por causa do pecado, o homem perdeu o equilíbrio interior, ou seja, a comunhão que mantinha a sanidade mental intacta. O homem ficou desorientado quanto ao seu próprio ser, e descarrega essa falta de orientação tentando provar sua superioridade para com os outros.
Cristo provou que, ao esvaziar-se, a necessidade da autoafirmação é quebrada, e nesse processo existe curas inexplicáveis aos olhos humanos. O indivíduo deixar de enxergar seu próprio universo e expande a visão para o que estar em sua volta. Foi o que Jesus praticou durante seu tempo aqui na terra. Ele tinha suas prioridades, mas elas nunca ofuscaram a visão clara que a missão maior era, e ainda é, o restabelecimento do homem em seus exercícios de comunhão: com Deus, com sigo mesmo, com o próximo e com a natureza.
Observe que Ele tomou a forma de servo e se fez semelhante aos homens, mas Cristo nunca foi servo e sim senhor. No entanto, se fez semelhante aos homens porque a forma de servo era temporária, mas a semelhança humana não. Cristo sendo Deus agora também é perfeitamente homem com um corpo glorificado, Ele é o primeiro de todos os homens neste aspecto. Não foi o primeiro ressurreto, mas foi o primeiro a morrer sem pecado, portanto o primeiro a ressuscitar e ter o corpo glorificado. E a nós isto é possível por Ele ter levado nossos pecados na cruz e nos crucificou juntamente com Ele.
Jesus se humilhou e Deus o Exaltou soberanamente. Este é o caminho. Jamais seremos exaltados como Jesus, Ele foi exaltado soberanamente. Significa que sua exaltação é soberana, não há semelhança nisso. Também Deus não quer nos exaltar a vista de outros homens, a exaltação que Deus tem para nós é a coroa da vida guardada para aqueles que permanecerem fieis. Esta é a glória que está preparada para nós, não outra.
Fazer do evangelho palco para afirmações pessoais somente tem por consequência enfermidades interiores. Contudo, a prática do auto esvaziamento é cura. Como Cristo que se humilhou para que fôssemos exaltados n’Ele, também devemos nos espelhar nisto para que o Corpo de Cristo seja exaltado em nosso auto esvaziamento. Assim quando aprouver a Deus seremos exaltados em Cristo, e todos os males da alma estarão ausentes dos nossos corpos glorificados. Que assim seja!

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

LIDERANÇA E RELACIONAMENTO

         
          Dentro de uma esfera de liderança se encontra vários obstáculos que dificultam a aproximação entre líderes e liderados. A causa mais comum é a falta de confiança, mas pode-se afirmar que é um circulo vicioso, pois assim como a desconfiança provoca o afastamento, o afastamento também provoca desconfiança.
          Os líderes, em sua maioria, chegam ao posto por serem ou estarem disponível, mas nem sempre preparado. Esta preparação acaba se postergando pelas dificuldades encontradas ou por resultados medianos obtidos na execução de suas atribuições, esquecendo-se que a principal meta de um líder é o seu liderado e não somente os resultados que ele possa gerar.  As satisfações obtidas por resultados medianos acabam por estacionar o interesse do líder. Logo que se apresentam desafios mais exigentes, as cobranças surgem de forma repentina e exacerbada gerando um desconfortante resultado de indiferença e desconfiança por parte dos liderados. Esta situação deixa clara a despreparação do líder e só aumenta a distancia entre um e outro.
          Para transpor estas barreiras o líder deve estar em constante contato com seus liderados, buscando entender a todo o momento as necessidades que cada um individualmente apresenta.

 "Mark W. Baker diz que “só podemos entender as coisas a partir da nossa própria perspectiva” (Baker, Jesus o maior psicólogo que Já existiu, 2005)"

          O contato frequente com as pessoas que estão sob liderança faz com que o líder veja as situações enfrentadas por eles com mais compaixão e também conhecer o limite e os alcances de seus liderados.  Ver as coisas pela ótica das pessoas faz toda diferença na hora de delegar tarefas e funções, aumenta a sensibilidade e redimensiona as cobranças. Muitas coisas não precisariam ser explicadas ou reparadas se o líder apenas tivesse o entendimento da capacidade físico-emocional dos seus liderados. Os líderes necessitam ter em mente que somente liderar por ser um líder nomeado não é suficiente para alcançar respeito e credibilidade, e que o relacionamento é o ponto inicial de uma jornada feita com seus liderados, e para essa caminhada dar certo, o nível de comprometimento, não só com a função e a instituição, mas também com as pessoas deve aumentar a cada passo.

"Segundo John C. Maxwell, “as pessoas não se importam muito com o que o líder sabe ou fala: elas julgam pelo modo que se age”.(Maxwell, Surpreenda-se com seu potencial, 2008)"  

          A ação do líder determina o nível de comprometimento que ele tem com as pessoas, se o que ele ensina condiz com sua vida, por mais simples seja que esse líder, será mais aceito por suas ações do que por suas palavras. As palavras causam admiração momentânea, mas as ações fazem pontes.  Haverá benefício mútuo com a aproximação, e também desafios de compatibilidades que devem ser gerenciados com muita equidade e amor.  Daí nasce à oportunidade do líder em demonstrar caráter e determinação que farão com que as pessoas lideradas o vejam como referencial, diminuindo a indiferença e aumentando a confiança a cada dia.



sexta-feira, 25 de julho de 2014

A teologia a favor do racismo

A LEITURA É UM BOM CAMINHO PARA MUDANÇAS


A teologia a favor do racismo

Daniel Santos

“O homem não pode fazer o certo numa área da vida enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível.”
Gandhi

Chamamos de “racismo teológico” toda a construção bíblico-teológica que tem o propósito de fundamentar ou justificar a ideia de que o negro (em nosso caso específico) é inferior ao branco.

No contexto histórico-protestante brasileiro, esse tipo de “teologia” contaminada com o preconceito etnocentrista1 surgiu juntamente com os primeiros missionários norte-americanos, oriundos dos estados do Sul. Muitos desses missionários eram membros de igrejas brancas onde, a cada seis meses, eram feitas leituras das leis estaduais que diziam que qualquer branco poderia matar um negro fugitivo sem punição alguma; que um negro receberia trinta açoites caso levantasse sua mão contra um branco cristão; que nenhum negro poderia pregar o evangelho sem o consentimento de um branco; que nenhum negro poderia aprender a ler e escrever e que ninguém poderia dar nenhum livro (nem a Bíblia) a nenhum negro.

Como resquícios da derrota na Guerra da Secessão para os estados do Norte, esses missionários eram a favor da manutenção da escravidão e afirmavam que ela era instituída por Deus como resultado da maldição imposta aos filhos de Cam.

A “base teológica” do racismo ensinava que a palavra hebraica “cam” significava “queimado”, “preto”, fazendo do filho de Noé o pai da raça negra. Numa maldição imprecada por Noé, Cam deveria ser o mais baixo dos servos (Gn 9.18-27).Daí o fato de os negros, segundo os pregadores do racismo teológico, serem excelentes serviçais. Conforme essa interpretação, os filhos de Sem e Jafé têm um “direito teológico” de se aproveitarem do trabalho dos filhos de Cam, contribuindo, assim, para a redenção daqueles que são marcados por dois “pecados originais”: o de serem filhos de Adão (pecado comum a todos os homens) e o de serem filhos de Cam (pecado específico dos africanos e negros, em geral).

Ao negro restava suportar sua miserável condição nesta terra (uma espécie de karma) enquanto aguardava sua redenção nos céus. Caso essa doutrina fosse questionada, alguns pastores apelavam para o expediente infalível da miscigenação, que alguns especulavam ser o pecado que havia levado Deus a destruir o mundo nos dias de Noé.

Esse racismo teológico não foi exclusividade das igrejas históricas.Segundo Oliveira (2004, p. 86), há vários teólogos pentecostais que ainda hoje sustentam a ideia de que o sinal posto sobre Caim, quando este matou seu irmão Abel, representava uma maldição caracterizada pela cor negra.4

O conceito teológico das igrejas neopentecostais tem contribuído para uma maior proliferação do racismo. Sua postura é eminentemente antiafro (Freire, 2005, p. 19). A doutrina da prosperidade, a batalha espiritual e a doutrina das maldições hereditárias reforçam o estigma da cor negra, como sinônimo de algo negativo ou demoníaco. Nesse aspecto, o racismo sai da esfera do conceitual-teológico e avança para a prática, a vivência e as relações eclesiais.

Na doutrina da prosperidade, o fiel é abençoado conforme a quantidade de seus bens materiais. A situação socioeconômica do negro é vista de forma simplista e racista: “é pobre porque é pecador e oriundo de um continente idólatra e praticante de bruxaria”.

Na doutrina das maldições hereditárias, o povo negro é considerado uma raça maldita, usando-se os mesmo argumentos “teológicos” já citados. Para que o negro seja livre de sua maldição é necessário que ele se desvincule de todo o seu passado histórico (origem, costumes, cultura, cosmovisão etc).

Na batalha espiritual, evidente principalmente por meio da literatura, o mal é personificado na cor preta. Em “Este Mundo Tenebroso”, de Frank E. Peretti (1991), o exército de Deus é retratado por anjos brancos e louros e o exército do diabo, por anjos pretos e negros.

As igrejas históricas e pentecostais também já manifestaram altas doses de racismo por meio da literatura, hinologia e métodos pedagógicos.

Era bastante comum (em alguns casos, ainda o é) encontrar hinos e cânticos nos quais, em determinados trechos, a palavra “negro(a)” tem conotação do mal: “as negras nuvens”, “o meu coração era preto”, “a negridão do mal”, “o negro pecado”. Um dos exemplos mais notáveis foi o da Igreja Presbiteriana Independente que no seu hino oficial, “O pendão real”, tinha uma frase racista que dizia: “os negros batalhões do grande usurpador”. Essa frase foi mudada por aquela igreja e não mais cantada dessa forma, mas algumas igrejas ainda mantêm a forma original.

A APEC (Aliança Pró Evangelização das Crianças), entidade evangelística interdenominacional presente em vários países do mundo, inclusive o Brasil, possui como principal método de evangelização infantil a utilização das cores. Sua principal ferramenta é o livro “Sem Palavras”, no qual, por meio das cinco cores (verde, dourada, branca, vermelha e preta) a mensagem de salvação é explicada às crianças. As cores são simbolizadas da seguinte forma: o verde é a nossa esperança de ir para o céu, a cor dourada representa o céu, a cor branca simboliza a pureza do coração, a cor vermelha é a representação do sangue de Jesus que nos purifica do pecado e a cor PRETA simboliza o pecado que nos levará para o inferno. Após receber inúmeros protestos, a APEC mudou a expressão “preta” para “escura”. Como o livro é muito usado por Escolas Bíblicas de inúmeras igrejas, sua correta utilização fica restrita à imaginação e capacidade de cada professor. A APEC utiliza o mesmo método didático por meio de folhetos, canetas, réguas e pulseiras.7

Concepções teológicas como essas tornam o racismo ainda mais enraizado no conceito de muitos cristãos, fazendo com que atitudes discriminatórias já não sejam tão raras dentro de algumas igrejas:

• Um pastor negro, membro de uma respeitada denominação do país, guarda alguns bilhetes anônimos que recebeu, com os dizeres: “Lugar de macaco não é no púlpito, é na bananeira!”.
• Num seminário para casais, o palestrante branco afirmou: “Jamais permitirei que minha filha se case com um negro”. Para angústia dos participantes, havia um casal inter-racial presente.
• Determinado pastor consentiu no casamento de sua filha com um negro, desde que se comprometessem a ter apenas um filho. O argumento: se passasse disso, poderia haver problemas “raciais” entre as crianças.
• Um pastor negro pentecostal ouviu de um pastor branco: “O negro não pode pregar porque tem o nariz chato, conforme ensinamentos bíblicos”.

Teologia Negra
A Teologia Negra surgiu em resposta às condições de vida dos negros norte-americanos, juntamente com o movimento denominado Poder Negro (Black Power), por volta da década de sessenta, período de maior organização e articulação do movimento a favor dos direitos do negro. Não há um líder específico que possa ser considerado o “pai” do movimento. Martin Luther King Jr. é considerado um importante precursor e também o Dr. James H. Cone, professor de teologia no Seminário Teológico da União, em Nova York, e autor de “Black Theology and Black Power” (Teologia Negra e Poder Negro, 1969) e de “God of the Oppressed” (Deus dos Oprimidos, 1975), o mais profícuo escritor dentro da Teologia Negra.

Seu discurso profundamente centrado nos ideais de libertação do povo negro revela sua estreita ligação com a Teologia da Libertação.

A Teologia Negra procura relacionar mais uma vez Deus e Cristo com o negro e seus problemas cotidianos, o que a torna essencialmente existencial. Isso está explícito na definição de Cone sobre o papel do teólogo negro. “O teólogo é, antes de tudo, um exegeta simultaneamente das Escrituras e da existência. Sua tarefa é investigar exegeticamente as profundezas das Escrituras com o propósito de relacionar aquela mensagem com a existência humana” (Cone, 1985, p. 17).

Se sua principal fonte é a experiência da vivência negra e se ela é essencialmente existencial, é possível concluir que sua forma está limitada ao contexto social e histórico de seu público alvo: os negros.

Toda teologia é “discurso humano e subjetivo” sobre Deus, um discurso que nos revela muito mais acerca dos sonhos e esperanças daqueles que falam sobre Deus do que acerca de Deus, de fato (Cone, 1985, p. 49.51). Toda teologia está relacionada a situações históricas e, por isso, é culturalmente limitada. Isso explica porque brancos e negros veem a Deus de formas diferentes. O pensamento teológico dos negros acerca de Deus está diretamente ligado ao seu contexto social da mesma forma que os pensamentos teológicos dos brancos sofrem influências de sua posição dominante. Como poderiam dois grupos tão distintos enxergarem a Deus da mesma forma? Como isso seria possível, posto que, enquanto o branco cristão europeu veio para o Novo Mundo fugindo da tirania, o negro foi trazido para cá como prisioneiro para se tornar vítima da mesma tirania? “O contexto social e histórico de alguém não apenas decide as perguntas que dirigimos a Deus, mas também o modo e ou forma das respostas dadas às perguntas” (Cone,1985, p. 24).

Cone concorda com a posição de Feuerbach de que “teologia é (antes de tudo) antropologia” (1985, p. 50) e que “o pensamento é precedido pelo sofrimento” (1985, p. 19). Ou seja, o homem não pode raciocinar acerca de Deus e de tudo o mais concernente a ele além da sua experiência social, da sua esfera de visão e da sua condição humana.

A Teologia Negra está fundamentada na forma e no conteúdo do pensamento religioso dos negros. Segundo Cone (1985, p. 65), a forma do pensamento religioso dos negros foi moldada conforme sua história repleta de extrema opressão e o conteúdo desse pensamento religioso não poderia ser outro, senão a libertação dessa opressão. Consequentemente, prática e pensamento não possuem distinção dentro do pensamento religioso dos negros porque suas reflexões teológicas sobre Deus ocorrem no mesmo espaço da sua luta pela liberdade.

Diferentemente da teologia dos brancos, acostumados ao raciocínio filosófico e teológico, a Teologia Negra se expressa por meio de histórias com profundo conteúdo libertador. Isso se dá porque os negros, na condição de escravos, tinham de trabalhar do nascer ao pôr-do-sol, não tendo tempo nem oportunidade para a arte do discurso filosófico e teológico. Assim, narrativas como a libertação do povo de Israel da tirania egípcia, da intervenção divina em favor de Daniel ou do caráter libertador da pessoa do Messias eram frequentemente utilizadas nos sermões.

Isso refletia na forma do sermão direcionado ao público negro. Ele não estava preso aos conceitos acadêmicos do evangelho de matriz branca. A liberdade revelada no evangelho pregado conforme a cosmovisão negra (formada por seu sofrimento e suas esperanças de liberdade) também se revelava no momento da sua proclamação.

A Teologia negra é, portanto, uma teologia do povo negro para o povo negro, refletindo, por meio de um exame de suas histórias, contos e ditos, sobre aquilo que significa ser negro.

O Brasil ainda não possui uma estrutura teológica exclusiva para o povo negro. Provavelmente isso seja reflexo da nossa condição histórico-sócio-cultural, já discutida nesse trabalho. Isso não significa que o assunto seja desconhecido ou não interesse aos brasileiros negros. Há evidentes sinais de um maior engajamento e de tentativas de desenvolvimento de uma Teologia Negra com a “cara” brasileira por parte de alguns líderes e militantes negros, como o pastor Marcos Davi de Oliveira, autor do livro “A Religião Mais Negra do Brasil”, Hernani Francisco da Silva, militante do Movimento Negro e co-fundador da Sociedade Cultural Missões Quilombo, e Walter Passos, teólogo, historiador e autor do livro “Teologia Preta – a revelação”, bem como de grupos como a Sociedade Cultural Missões Quilombo e o Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos, que realizou seu primeiro encontro nacional em Salvador, no mês de abril de 2007, onde foi discutido sobre “Cristianismo de Matriz Africana” e “Teologia Preta”, dentre outros temas.

Notas
1. Alexandre Brasil Fonseca chama essa “teologia contaminada” de “teologia do ‘apartheid’” e refere-se a ela como o “fazer teológico contaminado por todo o preconceito resultante de conceitos como o etnocentrismo, produzindo um cristianismo assassino e preconceituoso. Assassino, porque -- apesar de apregoar o amor e a fraternidade -- foi responsável por uma série de barbaridades. Preconceituoso, porque -- apesar de ter a igualdade como referencial -- acabou sendo o motivo para o sepultamento de uma série de culturas, como também de relações racistas no decorrer da história”. (Oliveira 2004, p. 16)
2. Ninguém se preocupava em destacar que a maldição fora pronunciada, na verdade, contra o neto de Noé, Canaã, e não contra Cam.
3. Refiro-me às primeiras denominações protestantes que chegara ao Brasil: Congregacionais, Batistas, Presbiterianas, Metodistas, Luteranas e Anglicanas. Conforme distinção feita por SILVA, H. F., em “O Movimento Negro nas Igrejas Evangélicas”.
4. Além do profundo racismo, fica evidente o grosseiro erro hermenêutico, visto que o “sinal” colocado por Deus em Caim tinha o propósito de protegê-lo, como representação da graça e do favor divinos, e não amaldiçoá-lo.
5. Denominações surgidas a partir da década de 1970 à sombra das igrejas pentecostais clássicas. Principais denominações: Universal do Reino de Deus, Renascer em Cristo, Sara a Nossa Terra, Internacional da Graça de Deus e, a mais recente dentre as demais, Mundial do Poder de Deus.
6. Cf. “Igreja e Racismo”.
7. Idem, p. 1.
8. Cf. “O Movimento Negro nas Igrejas Evangélicas”. 


• Daniel Santos, casado, dois filhos, é pastor auxiliar na Igreja Betesda do Tatuapé, em São Paulo. 

domingo, 20 de julho de 2014

CREDIBILIDADE

A igreja do presente século está passando por uma crise de credibilidade. Isto se dá por causa da diversidade de idéias existentes, que envolvem as organizações que se auto-denominam igrejas. Cada uma tem uma verdade, cada uma prega ou levanta uma bandeira dizendo: Nós temos as respostas, nós somos a solução dos seus problemas.
São tantas as informações que chegam até as casas dos espectadores que eles já não sabem para onde ir, nem tão pouco quem está certo ou errado.

Quase não se fala mais de Jesus, a prosperidade é um assunto que dá mais audiência, algo como: Aqui. Só aqui no nosso templo é que vocês serão abençoados.

Jesus e seus discípulos não se preocupavam com bandeiras ou em criar uma nova divisão na religião judaica. Eles não se preocupavam se suas reuniões estavam cheias pessoas para financiar templos suntuosos e também não se preocupavam em agradar os políticos influentes da época. A mensagem era pregada sem rodeios, Jesus deveria ser e foi sempre a mensagem principal nas palestras dos apóstolos. Era o suficiente para arrastar multidões e salvar inúmeras vidas que estavam indo para o inferno.

O amor pelas almas perdias e não por “outras coisas”foi o combustível que os moveram, o Espírito Santo os guiavam em tudo. Foi exemplo único a ser seguido em toda a história da a igreja, Deus os usou da maneira que lhe aprouve e manifestou o seu poder através de suas vidas. Eles não cobravam por sessões e as ofertas não eram impostas como vemos nos dias de hoje. O evangelho pregado não estava associado a riquezas ou condicionado a um estado social estável.


A igreja do presente século está passando por uma crise de credibilidade. Isto se dá por causa da diversidade de idéias existentes, que envolvem as organizações que se auto-denominam igrejas. Cada uma tem uma verdade, cada uma prega ou levanta uma bandeira dizendo: Nós temos as respostas, nós somos a solução dos seus problemas.

São tantas as informações que chegam até as casas dos espectadores que eles já não sabem para onde ir, nem tão pouco quem está certo ou errado.

Quase não se fala mais de Jesus, a prosperidade é um assunto que dá mais audiência, algo como: Aqui. Só aqui no nosso templo é que vocês serão abençoados.

Jesus e seus discípulos não se preocupavam com bandeiras ou em criar uma nova divisão na religião judaica. Eles não se preocupavam se suas reuniões estavam cheias pessoas para financiar templos suntuosos e também não se preocupavam em agradar os políticos influentes da época. A mensagem era pregada sem rodeios, Jesus deveria ser e foi sempre a mensagem principal nas palestras dos apóstolos. Era o suficiente para arrastar multidões e salvar inúmeras vidas que estavam indo para o inferno.

O amor pelas almas perdias e não por “outras coisas”foi o combustível que os moveram, o Espírito Santo os guiavam em tudo. Foi exemplo único a ser seguido em toda a história da a igreja, Deus os usou da maneira que lhe aprouve e manifestou o seu poder através de suas vidas. Eles não cobravam por sessões e as ofertas não eram impostas como vemos nos dias de hoje. O evangelho pregado não estava associado a riquezas ou condicionado a uma soma de valores duvidosos. Homens íntegros e fieis a Deus falavam sobre o que viviam, tinham autoridade sobre o que falavam porque era a experiência de suas vidas. Comiam do maná com as próprias mãos sem depender de ficar repetindo somente o que ouviram mais falavam de uma vida ao lado Deus ensinada por Jesus e lembrada pelo Espírito Santo.


A credibilidade era uma conseqüência da glória de Deus que acompanhava e respaldava a vida deles, a presença de Deus era algo indispensável em seus ministérios.